As Pastilhas

Em meio ao “fogo cruzado” entre a simples reprodução do Rock n’ Roll por meio de estéticas musicais já consagradas e conhecidas, e o discurso da inovação através de transformações de determinadas influências musicais, surge no início dos anos 2000, nas “trincheiras” da zona norte do Recife, as “Pastilhas Coloridas”. Banda de Rock n’ Roll formada por Edvaldo (baixo), Demétrio (guitarra/vocal) e Roniere (bateria).
O nome da banda é uma referência direta a elementos psicodélicos e faz alusões a diversidade musical atribuindo as cores aos diversos gêneros e subgêneros musicais presentes na banda tais como o Jazz, Blues, Funk e, claro o velho Rock. O que consolidou a proposta da banda foi a amizade entre Edvaldo e Demétrio (Juruna). Eles começaram a se envolver com música através de experiências com outras bandas as quais chegaram a tocar juntos em várias ocasiões. Posteriormente, resolveram se afastar e dar início as Pastilhas Coloridas. Até então, o quadro tinha sido pintado com esboços de uma proposta musical relacionada a um passado rico em termos musicais onde o Rock vivia o seu auge. Mas só foi concluída a “arte final” com a chegada do baterista (Roniere) que, ironicamente, entrou na banda apenas por ter uma bateria e o espaço para os ensaios (rsrs).
Em termos musicais, é bem notória a influência de bandas como MC5, Blue Cheer, The Stooges, Led Zeppelin, The doors, Robert Johnson, James Brown, entre outros clássicos da velha escola. No entanto, subgêneros mais pesados como o Punk e o Grunge também têm influência significativa. O que dá um “ar” peculiar a sonoridade da banda e, ao mesmo tempo, uma sensação tão familiar a todos nós acostumados a viver as relações tensas e dialéticas entre elementos do passado e do presente em nossa sociedade que nos impulsiona e paradoxalmente açoita a todos. Algo que se reflete não apenas nas produções artísticas, mas também nos valores morais que permeiam nossa sociedade. Sensações e sentimentos conflituosos resultantes da realidade massacrante em que vivemos estão presentes na temática da banda e se mostram como o efeito “psicoativo” das Pastilhas em nossa mente.
Dessa forma surgiram as Pastilhas, “produto” da inquietude de três pessoas dispostas a mostrar com um rock psicodélico, pesado e de três acordes, a lucidez oriunda dos efeitos alucinógenos da vida cotidiana em nossa sociedade (ou seria o contrário?).
Por fim, escutem e aproveitem, peguem umas pastilhas e divirtam-se com seus efeitos. Nosso carnaval depravado e colorido é solitário. NO FUN!


Leandro Nunes